quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Radicais Livres participam do Fórum Social Mundial 10


O Fórum Social Mundial 10, que ocorreu de 25 a 29 de janeiro contou com a participação do representante Vinícius Borba, dos Radicais Livres S/A no Seminário Litero-Ativismo: Leitura para um outro mundo possível

“A leitura é uma grande transferência de tecnologia”, afirmou o palestrante Affonso Romano de Sant’ana, poeta e ex-diretor da Biblioteca Nacional e fundador do Sistema Nacional de Bibliotecas. Em uma seleta roda de palestrantes, o poeta discorreu sobre a importância da militância cultural em prol da leitura e do livro nos tempos atuais. Ele escreve semanalmente uma coluna para o Correio Braziliense, prefere divulgar em sua biografia que viu Beatles ao vivo e teve a poesia “Que país é Este” publicada logo no fim da ditadura, para todo o país. Para delírio geral, jantou em sua casa um dos mais renomados pensadores da humanidade no século XX, o francês Michel Foucault.

Em sua palestra, Romano relatou que em dado momento de sua carreira colecionou entrevistas de criminosos e pessoas envolvidas em violência. Dentre elas, Indiara, que havia nascido dentro de presídio, pois os pais também foram presidiários e que quando criança de rua no Rio, o único momento que ela mais gostava era quando vinha a tia Vera. Tia Vera era uma pessoa que voluntariamente se predispunha a contar histórias para aqueles meninos e meninas. Aquele, para Indiara, era o momento mais mágico de sua existência. Este diálogo, segundo Romano, se deu entre ela e o secretário de segurança do Rio à época. O secretário perguntou: “Você tem um sonho?”, ao que a mulher respondeu: “Meu maior sonho era ter um livro só meu”. Para Affonso, dar este poder e esta paixão as pessoas foi sua maior alegria ao criar o Programa Nacional de Incentivo à Leitura(Proler) e desenvolver seu trabalho em prol da escrita. Para o escritor, “temos de levar o livro e a leitura para o cotidiano, para assim conseguirmos ler o mundo”. O programa desenvolve até hoje uma série de ações de redução de impostos sobre o livro, apoio a distribuição dos livros e tantas outras.

Heliópolis: Por que a Biblioteca para a Paz?

Outro relato que mostrou o impacto que a leitura pode produzir foi o do secretário executivo do Plano Nacional do Livro e da Leitura(PNLL), professor José Castilho Marques Neto. Ele contou a experiência que teve como diretor do PNLL, quando dialogava com uma mãe e moradora de Heliópolis, bairro de São Paulo(SP). Disse a mulher: “Professor, passamos a vida tentando tirar nossos filhos da morte. E estamos vencendo esta luta. Só que cada vez que um dos nossos morre, a cidade[referência distante do centro da capital] acha que nós[de Heliópolis] somos todos bandidos. Nossa biblioteca comunitária nos ajudará a melhorar”. E Castilho perguntou por que a biblioteca, ao que ela respondeu: “Para entendermos que aquelas notícias não são a única verdade e que há um outro mundo possível. E também poderemos entender como mudar nossa realidade”, disse. Ele não teve mais perguntas. Ficou sem palavras. O fato é que para o professor José Castilho, a própria compreensão daquela simples mulher, valeu mais do que anos de teorização.

Um comentário:

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